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Alta do dólar impacta aéreas e pode gerar mais demissões

Em meio à queda do real e ao consequente encarecimento do combustível, companhias recorrem à redução no número de funcionários e voos para otimizar custos. Associação das principais empresas não descarta novos cortes.
A aviação brasileira estava até recentemente num céu de brigadeiro. Aviões decolavam cheios, impulsionados pela economia aquecida e por uma nova classe emergente, que possibilitou a muitos brasileiros fazerem sua primeira viagem aérea. Mas desde o ano passado, as principais companhias do país "“ TAM e Gol "“ se veem numa turbulência que ameaça se intensificar.
A TAM "“ maior companhia nacional, com 39,75% do mercado nacional em junho "“ anunciou recentemente a demissão de cerca de 800 pilotos e comissários de bordo. E a Gol "“ segunda maior do país, com 36,04% de participação "“ divulgou o corte de 200 voos semanais a partir de agosto, principalmente em rotas nacionais. Com isso, as empresas esperam aumentar a ocupação e otimizar custos.
A turbulência se iniciou com a valorização do dólar, que subiu 10% no primeiro semestre em relação ao real, e o consequente encarecimento do querosene de aviação "“ efeitos que causam grande impacto nos custos das empresas e a redução de oferta de passagens. Cerca de 55% dos custos operacionais da Gol, por exemplo, estão atrelados ao dólar, principalmente o combustível (cerca de 43%) e despesas com leasing de aviões e seguro. Na média internacional, o querosene de aviação responde por 33% dos custos.
Número de passageiros em voos domésticos cresceu de 29 milhões em 2002 para 84 milhões em 2012
"Esperamos que não haja mais demissões. Se o dólar ficar alto nesse patamar por um longo tempo ou se subir ainda mais, efetivamente poderão acontecer mais demissões. Isso depende de como a economia vai evoluir", afirma Adalberto Febeliano, da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), entidade que representa TAM, Gol, Azul/Trip e Avianca. "Neste momento estamos só acompanhando e controlando a oferta de assentos para retornar a rentabilidade de empresas."
Concorrência predatória
De 2002 a 2012, o número de passageiros em voos domésticos cresceu de forma consolidada, pulando de 29,3 milhões de pessoas para 84,2 milhões. Em 2013 aconteceu a primeira reviravolta e espera-se uma redução da taxa de crescimento até o fim do ano. A queda, segundo especialistas, tem ligação com a diminuição do poder aquisitivo da população devido à alta da inflação e ao endividamento das famílias brasileiras, além da falta de infraestrutura de aeroportos brasileiros.
"As empresas estão com dificuldades. A infraestrutura aeroportuária e uma regulamentação extremamente pesada têm impedido o crescimento dela", diz Elton Fernandes, pesquisador de transportes aéreos da Coppe/UFRJ. "A classe emergente que teve acesso ao transporte aéreo reage agora com a desaceleração da economia."
Os preços das passagens diminuíram 30,6% entre janeiro e maio na comparação anual "“ ante uma redução de 7% nos quatro primeiros meses de 2012. Isso mostra que, mesmo em crise, as companhias aéreas brasileiras continuam fazendo esforço para lançar promoções e, assim, atrair passageiros.
"A polí­tica tarifária do serviço aéreo é suicida. Na ânsia de se manterem competitivas, as empresas foram reduzindo as tarifas. Mesmo com querosene alto, as passagens não subiram de preço", afirma Hildebrando Hoffmann, coordenador do curso de ciências aeronáuticas da PUC-RS. "Os empresários não praticam o teto da tarifa e oferecem passagens, por exemplo, de Curitiba a Porto Alegre por 69 reais "“ o que nem com ônibus, cujo custo de equipamento é irrisório em relação às empresas de aviação, pode ser feito."
Reunião com governo federal
Mesmo com dólar alto, preço das passagens diminuiu cerca de 30% entre janeiro e maio deste ano
A TAM e a Gol registraram prejuízo de 2,7 bilhões de reais em 2012 "“ um crescimento de 148,6% em relação a 2011, quando, juntas, tiveram perdas de 1,08 bilhão de reais. Já no primeiro trimestre de 2013, a Gol teve prejuízo de 75 milhões e, em breve, as empresas vão divulgar o balanço do segundo trimestre de 2013 (…)

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Foto: Mauricio Lima/AFP/Getty Images

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Fuente: www.dw.de
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