AEROPUERTOS

O Recado da IATA

No começo deste mês de abril, foi realizada, em Santiago do Chile, a última edição da Wings of Change, encontro anual promovido pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) que consiste num amplo painel de discussões sobre regulamentação, infra-estrutura, valor econômico da aviação e outros temas associados ao serviço aéreo nas Américas.

Nesta edição, foi dado um espaço especial para avaliar os desafios que os governos da América Latina e Caribe têm de enfrentar para assegurar as condições de pleno desenvolvimento da aviação civil. Atualmente, mais de um quarto de bilhão de pessoas por ano viajam para, de ou dentro dessas regiões, e a previsão para 2036 é que este montante suba para mais de 750 milhões de viagens.

As preocupações da indústria foram transmitidas por Alexandre de Juniac, Diretor Geral e CEO da IATA num extenso pronunciamento dedicado aos desafios e perspectivas da aviação na América Latina e Caribe.

Ressaltando que a aviação já desempenha um papel importante na economia da região, empregando cerca de cinco milhões de pessoas e apoiando US $ 170 bilhões em PIB, Juniac pediu aos governos que se concentrem na infraestrutura, nos custos e no marco regulatório. Ao se concentrar nessas áreas, os benefícios econômicos e sociais da aviação podem ser maximizados, ao mesmo tempo em que atendem à demanda crescente da região por conectividade aérea.

«Precisamos de uma infraestrutura eficiente para acomodar o crescimento; custos e impostos razoáveis que não acabem com isso; e uma estrutura regulatória moderna que a apoie», disse Alexandre de Juniac em seu pronunciamento.

Sobre a infraestrutura, a IATA pediu aos governos da região que trabalhem com a indústria para desenvolver uma estratégia de longo prazo que assegure capacidade suficiente, custos acessíveis, serviços e conhecimento técnico alinhados às necessidades dos usuários.

Os principais desafios de capacidade da região são Buenos Aires, Bogotá, Lima, Cidade do México, Havana e Santiago. A Cidade do México é o mais crítico dos gargalos. O atual aeroporto foi projetado para 32 milhões de passageiros por ano, mas atende a 47 milhões.

Já em relação aos custos, a queixa da associação é generalizada. «A América Latina e o Caribe são um lugar caro para fazer negócios. Impostos, taxas e polí­ticas governamentais criam um grande peso. Hoje os governos vêem a aviação como uma fonte de receita. Mas ela é mais poderosa como um catalisador de receita. Reduzindo os custos de fazer as empresas pagarão grandes dividendos econômicos e sociais», afirmou de Juniac.

A IATA citou várias áreas em que a carga de custos das polí­ticas e impostos governamentais é excessiva e contraproducente:

A polí­tica de preços de combustíveis do Brasil adiciona US $ 800 milhões em custos anualmente;
O Equador e a Colí´mbia sofrem com os custos exorbitantes cobrados pelos fornecedores monopolistas de combustível "“ sendo que no Equador também existe um imposto sobre o combustível de 5%;
A Colí´mbia tem um imposto de conectividade, um imposto de saída e agora os prefeitos estão planejando taxar os clientes dos serviços aéreos com US $ 5,00 para subsidiar a infraestrutura rodoviária;
A Argentina tem altas taxas de embarque (pagas pelos passageiros);
Em Santa Lucia, os impostos e taxas (incluindo a Taxa de Desenvolvimento do Aeroporto) estão aumentando para reparar estradas e construir um terminal de navios de cruzeiro;
Os impostos sobre o turismo são muito altos em toda a região (México, Colí´mbia, Equador, Peru, Nicarágua, Jamaica e Costa Rica e Santa Lúcia), inibindo o afluxo de turistas por conta da elevação dos custos.

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