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Acordo é tido como «necessário» para garantir sobrevivência da Embraer

Joint venture de aviação comercial com a Boeing irá possibilitar que a fabricante brasileira se mantenha competitiva diante de um cenário de consolidação do setor, com avanço da China

Apesar das incertezas que permeiam o acordo entre Embraer e Boeing, o mercado avalia a parceria como necessária para a sobrevivência da empresa brasileira, frente ao movimento global de consolidação da aviação comercial. «A Bombardier e a Airbus já haviam firmado parceria e a Boeing procurava um sócio estratégico para competir de igual para igual.
Caso a Embraer não fizesse o acordo, a chance da empresa brasileira deixar de existir no médio e longo prazo era grande», avalia o coordenador do curso de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Paulo Dutra.Nesta quinta-feira (05), a Embraer e a Boeing anunciaram um acordo não-vinculante para a formação de uma joint venture que contemple os negócios e serviços de aviação comercial da empresa brasileira. De acordo com o memorando, a Boeing pagou US$ 3,8 bilhões por 80% da nova empresa.Para o coordenador do curso de fusões, aquisições e valuation do Programa de Educação Continuada da Fundação Getulio Vargas, Oscar Malvessi, o acordo, se concretizado, possibilitará a Embraer ser competitiva.

«A empresa não teria condição, sozinha, de competir com empresas tão maiores.»Em outubro do ano passado, Airbus e Bombardier anunciaram uma sociedade no programa de jatos comerciais de médio porte. «As duas companhias criaram uma divisão só para o mercado dos Estados Unidos, em resposta a taxas protecionistas impostas pelo governo norte-americano. Esse mercado é um dos mais fortes para a Embraer e a empresa sofreu bastante com essa concorrência», diz o analista da Spinelli, Álvaro Frasson.
Ele acredita que com a parceria com a Boeing, novos canais serão abertos para a Embraer. «A empresa vai absorver uma carteira de clientes e uma capilaridade maior no mundo.» Apesar desse otimismo, as ações da Embraer apresentaram a maior queda da B3 ontem (-14,29), fechando o dia em R$ 23,10 (ON). Para Frasson, isso decorre da falta de clareza de como será a operação e do valor pago. «O mercado esperava mais caixa, por se tratar da unidade de maior relevância da empresa. Também há incertezas do negócio, aprovações burocráticas ainda necessárias. É preciso ter clareza de como será a estrutura e como vão ficar as divisões de defesa e jatos executivos.»

Outro ponto de dúvida é em relação aos impactos sobre a mão-de-obra na planta da Embraer, em São José dos Campos (SP). «Acredito que inicialmente ajustes serão feitos, mas no médio e longo prazo, haverá ganhos e expansão da planta», acredita Malvessi.A coordenadora do MBA em finanças do Ibmec/SP, Rina Pereira, também acredita que o acordo trará investimentos locais. «O ponto do acordo é que se entregue mais aviões, o que deve trazer aumento de estrutura e contratações.»

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