AEROLÍNEAS

Companhias comentam MP que libera até 100% de capital estrangeiro em aéreas brasileiras

A Azul Linhas Aéreas informou nesta quinta-feira (13) que vê com “preocupação” a liberação de até 100% de capital estrangeiro em companhias aéreas brasileiras, enquanto a Latam se disse “favorável” à abertura. Para analistas ouvidos pelo G1, a medida deve ser benéfica aos consumidores, mas isso não tende a ocorrer no curto prazo.

O presidente Michel Temer assinou nesta quinta a medida provisória que autoriza a injeção de até 100% de capital estrangeiro em companhias aéreas brasileiras. A MP será publicada na tarde desta quinta em uma edição extraordinária do «Diário Oficial da União».

Por ser uma MP, a medida entra em vigor assim que for publicada, mas terá que ser confirmada posteriormente pelo Congresso Nacional.

Em nota, a Azul disse que “acompanha com preocupação a assinatura da medida provisória que abre o setor aéreo ao capital estrangeiro. Por não haver equilíbrio de concorrência e reciprocidade entre as companhias aéreas brasileiras e estrangeiras, a Azul se posiciona contrária à proposta e sustenta que a ausência de contrapartidas não trará benefícios para as empresas aéreas do Brasil”.

Já a Latam informou que “é favorável ao capital estrangeiro nas companhias aéreas, pois esse é um setor que exige capital intensivo, e essa medida estimula o crescimento, gerando riqueza para o Brasil.”

A Gol Linhas Aéreas também foi procurada pelo G1, mas disse que prefere não se posicionar. A Avianca, que, endividada, entrou nesta semana com pedido de recuperação judicial, também não comentou.

O investidor German Efromovich, cuja holding controla a Avianca Brasil, afirmou que está negociando com fundos a injeção de capital na companhia.

Competição
Analistas dizem que a medida deve estimular a competição no mercado aéreo brasileiro – o que pode beneficiar o consumidor. Eles também afirmam que o aumento da oferta tende a baratear o preço das passagens. No entanto, ressalvam que esses efeitos não são de curto prazo.

“É algo que pode gerar um efeito positivo para o consumidor no médio prazo, com mais conexões e oferta de serviços aéreos”, afirma o coordenador de cursos da FIA (Fundação Instituto de Administração), Marcos Piellusch.
Jason Vieira, economista chefe da Infinity Asset, comenta que “boa parte do que temos no Brasil em termos de custos se baseia em ausência de competição”. Nesse sentido, a entrada de empresas estrangeiras no mercado brasileiro é vista como positiva pelo economista.

Álvaro Frasson, analista da Spinelli, diz que a tendência de aumento da competição é baseada no potencial do mercado brasileiro. “O Brasil tem uma taxa de voos por habitante muito menor que outros países, a crença é de que existe uma demanda muito reprimida”, avalia.

Enquanto o aumento da competição pode preocupar algumas empresas que já operam no Brasil, os analistas apontam que o efeito positivo para as companhias é a maior possibilidade de conseguir recursos. “De uma certa forma, facilita a capitalização das empresas para operar aqui”, diz Frasson.

Piellusch acrescenta ainda que a mudança pode facilitar a recuperação da Avianca. “Caso haja alguma empresa estrangeira interessada em adquirir a aérea, isso pode ajudá-la a se recuperar”, afirma…

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