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Contrato da década: O grande voo da Embraer

No quarto contrato fechado neste ano, a Embraer anunciou ontem a venda inicial de 40 jatos modelo 175 para voos da SkyWest, operadora regional sediada em Utah, com mais de dez mil funcionários e voos para 167 cidades americanas. Incluindo outros 60 pedidos firmes que podem ser confirmados e mais cem jatos classificados como opção, o total dessa encomenda pode chegar a 200 unidades, o que poderá ser o maior contrato assinado pela fabricante brasileira de jatos executivos nos últimos dez anos. Cada aeronave do modelo 175, que terá configuração para 76 passageiros, tem preço de tabela de US$ 41,7 milhões. Assim, a receita com os 40 aviões já confirmados deve chegar a US$ 1,7 bilhão. Com a confirmação da compra dos 200, esse valor pularia para US$ 8,3 bilhões.

– Este é realmente um marco para a Embraer. Como nosso maior cliente de aviões Brasília e ERJ, a SkyWest agora seleciona o modelo aprimorado do E-Jet para sua frota – comemorou Paulo Cesar Silva, presidente da Embraer Aviação Comercial.

Depois de um período difícil que começou em 2008, com o agravamento da crise financeira internacional, 2013 começou melhor para a Embraer. Desde o início do ano, a empresa já fechou negócios com Republic Airways, Austral Lineas (Argentina) e United Airlines, além da SkyWest. Foram 119 jatos a mais para sua carteira de entregas, dos quais 72 foram anunciados depois do fechamento do balanço do primeiro trimestre. Para efeito de comparação, de janeiro a maio de 2012 o número firme de vendas estacionou em 17 unidades.

Nada mau para uma empresa que viu seu lucro minguar 67% nos primeiros três meses do ano, para R$ 61,7 milhões. Apesar do recuo, especialistas avaliam que o fluxo de pedidos dá sinais de melhora e que a companhia terá resultados melhores nos próximos meses. Com o anúncio das encomendas, as ações da Embraer fecharam em alta de 2,06%, a R$ 19,29. A empresa ganhou R$ 284 milhões em valor de mercado no dia, chegando a R$ 14,028 bilhões.

– É totalmente possível reverter esse prejuízo. A Embraer é muito sólida e está se destacando neste momento após o auge da crise – explicou Pedro Galdi, analista da corretora SLW.

A dificuldade enfrentada pela Embraer também foi sentida por suas concorrentes, como a canadense Bombardier, que viu sua receita cair de US$ 18,3 bilhões em 2011 para US$ 16,8 bilhões no ano passado. Galdi explica que a aviação só cresce quando a economia global também está em alta. O lançamento do jato executivo Phenom, em 2008, logo após o estouro da crise financeira global, menor e mais barato que os similares do mercado, favoreceu o posicionamento da Embraer. Dois anos depois, as vendas do jatinho atingiram cem unidades.

Jorge Leal Medeiros, professor de transporte aéreo da Politécnica/USP, diz que uma das vantagens da Embraer «é que ela é mais inovadora que a Bombardier». Ele também cita o 175, vendido para a americana SkyWest, como modelo com maior resistência aerodinâmica e consumo de combustível 5% menor que os jatos equivalentes da concorrência.

RECEITA MAIOR NA ÁREA DE DEFESA

As notícias também são positivas no braço de segurança e defesa da Embraer, que vem aumentando sua participação nas receitas da companhia. Em 2012, faturou R$ 1,052 bilhão, um marco na história da divisão, superando pela primeira vez a marca de R$ 1 bilhão, e aumentando sua fatia na receita total de 14,6% em 2011 para 17,1% no ano passado. No primeiro trimestre, as vendas já atingiram R$ 498 milhões, e sua fatia nas receitas deve encerrar 2013 em 21%.

Para 2013, a Embraer ainda mantém uma posição conservadora no que se refere à entrega de jatos: de 90 a 95 jatos comerciais, de 80 a 90 jatos executivos leves e de 25 a 30 grandes (números que se comparam a 106, 77 e 22, respectivamente, no ano passado). Em dezembro de 2012, a carteira de pedidos somava US$ 12,5 bilhões.

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