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Número de pilotos mulheres tem alta inexpressiva em 10 anos

Uma recente pesquisa divulgada pela Centre for Aviation (Capa) revelou dados sobre a diferença de gênero quando se fala de comandantes e pilotos de companhias aéreas. De acordo com o estudo, de todos os pilotos atuando nas companhias aéreas dos Estados Unidos, apenas 4,4% são mulheres em 2017; no Reino Unido, são 4,3% (segundo dados de 2016, últimos disponíveis).

Mais preocupante ainda que isso é a demora no crescimento da participação feminina. Nos Estados Unidos, em 2007, elas eram 3,7% dos pilotos das aéreas – ou seja, no período de uma década, a alta da representatividade foi de apenas 0,7 ponto percentual. No Reino Unido, onde a porcentagem no final de 2007 era de 3,4%, o crescimento foi de 0,9 ponto percentual em nove anos.

Ainda segundo o estudo, 7% de todos os certificados de piloto de aeronaves da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) pertencem a mulheres – o que representa 42,6 mil pessoas. Isso significa duas coisas: as empresas não têm contratado uma quantidade considerável das mulheres disponíveis no mercado, mas boa parte delas ainda são estudantes (cerca de 19 mil) ou são pilotos privados, que não entram na conta das companhias aéreas.

As mulheres também estão pouco representadas entre as equipes de terra certificadas pela FAA (apenas 4,3% em 31 de dezembro de 2017), mas são majoritárias entre as comissárias de bordo (79,5%).

POR OUTRO LADO…
Se a representatividade das mulheres ainda demora a crescer, ao menos o número de pilotos do sexo feminino está crescendo nos Estados Unidos. De 2007 a 2017, o número total de mulheres pilotos em todas as categorias no país cresceu 19% (contra apenas 3% na alta geral dos pilotos).

O número mulheres atuando nas companhias aéreas cresceu ainda mais: 31% (contra 11% para todos os pilotos) – de 5,34 mil em 2007 para 6,99 mil em 2017.

Além disso, as companhias aéreas norte-americanas são as que mais contam com mulheres pilotos em números, principalmente por terem o maior número de funcionários no total. A United Airlines lidera a lista, com 940, seguida pela Delta Air Lines (692), e a American Airlines (626).

A Lufthansa aparece logo depois, com 375 mulheres, mas em sequência e com destaque aparece a indiana Indigo: são 322, mas que representam 13,9% de todo seu quadro de pilotos, maior porcentagem no globo.

FALTA DE DADOS
Buscar dados conclusivos globais neste mérito ainda é um desafio. De acordo com a Capa, os dados da Organização da Aviação Civil (Icao), que realiza do dia 8 ao dia 10 de agosto deste ano a Cúpula Global de Gênero da Aviação na Cidade do Cabo, na África do Sul, utilizou incorretamente a porcentagem de 5,18% como uma proporção global, quando na verdade trata-se da representatividade das mulheres informada pela Associação de Pilotos Aéreos (Alpa), que inclui apenas profissionais dos Estados Unidos e do Canadá.

«Este é um evento muito necessário, mas se uma organização global de aviação em uma conferência dedicada a melhorar o equilíbrio de gêneros da indústria não puder calibrar precisamente o desafio, então o desafio deve ser grande», avalia a instituição de pesquisa.

Uma medida apontada pela Capa que pode ajudar no sentido de aumentar o equilíbrio mulher-homem na profissão é a Icao passar a obrigar as companhias aéreas a revelarem o número de pilotos de cada gênero atuando na empresa.

«O progresso em direção à igualdade de gênero no quadro de pilotos ajudaria a acelerar esse equilíbrio entre homens e mulheres em todo o setor de aviação. Como ponto de partida, a Icao deve tomar medidas para que todas as companhias aéreas publiquem a discriminação de gênero de seus números-piloto», explica a Capa no estudo.

ISWAP
Uma fonte alternativa é a Sociedade Internacional de Pilotos Aéreos Femininas (ISWAP, na sigla em inglês), que reúne e publica dados sobre o número de pilotos do sexo feminino de companhias aéreas em diferentes países, embora isso não seja ainda tão abrangente.

A proporção das 79 aéreas globais avaliadas pela entidade é de 5,2% mulheres entre o total de pilotos, taxa maior do que Reino Unido e Estados Unidos, «mas provavelmente reflete algum viés de auto-seleção», reflete a Capa, que explica: as companhias aéreas que disponibilizam seus dados para o ISWAP tem maior probabilidade de ter uma boa representatividade de mulheres pilotos – aqueles com baixa proporção neste sentido podem não desejar enviar seus dados, pela repercussão negativa.

É essa entidade que mostra a Indigo como a companhia com maior proporção de mulheres pilotos, seguida de duas subsidiárias da Qantas: a Network Aviation, também com 13,9%, e a Qantas Link, com 13,8%.

Quatro outras companhias aéreas na lista do ISWAP também têm uma porcentagem de dois dígitos de pilotos do sexo feminino: a canadense Porter Airlines (12,7%), a South African Express (12,1%) e duas companhias aéreas regionais canadenses – Wasaya (11,8%) e Air Georgian (11,2%). Além disso, das 79 aéreas que revelam dados para a entidade, menos de metade delas (38) contam com mais de 5% de pilotos mulheres.

As duas maiores aéreas do ranking com mais de 5% das mulheres pilotos são a United (em 17º, com pouco menos de 8%) e a Lufthansa (em 20º, com cerca de 7%)…

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