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Quem são os anônimos que assistem ao sobe e desce de aviões no aeroporto

Assim como passam despercebidos o faxineiro que limpa os vidros do portão de embarque, o homem que coloca as malas nas esteiras e o outro que junta carrinhos de bagagens, ele também quase não é notado.

Talvez você nunca o tenha visto, mas o funcionário público Marcos Carvalho, 42 anos, é figura assídua no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães. O que ele faz? Tira fotos de aviões.

Todas as semanas, uma ou duas vezes, Marcos separa várias horas da sua tarde, vai até o aeroporto e se coloca em uma posição estratégica, normalmente no andar de cima do estacionamento. Entre um cigarro e outro, usa sua Cannon T3i para fazer registros de pousos e decolagens. Faz isso há pelo menos seis anos.

Marcos talvez seja o símbolo maior de um tipo de ser humano que sempre existiu, e, enquanto houver aeroporto, sempre vai existir. Por hobby, paixão, divertimento ou por qualquer viagem dessas, esses anônimos passam o tempo assistindo ao sobe e desce de aviões no aeroporto.

No Luís Eduardo Magalhães, dezenas deles todos os dias se colocam no estacionamento ou próximo a uma grade que os separa da pista, na rampa de saída dos carros que atravessam o embarque.

Tem gente que sai de bairros longínquos, muitas vezes do interior do estado, para acompanhar o barulhento balé aéreo. No caso de Marcos, mais que apaixonado por aviação, ele é colecionador de fotos de avião.

O funcionário público tem um HD externo de 500 gigas só com fotos de aviões. Pelo menos 300 delas são de aeronaves com plotagens não repetidas. "Hoje, vim pegar o avião da Gol em comemoração aos 10 anos e o TAM plotado de Outubro Rosa", explicou Marcos, que tem um aplicativo de iphone que aponta os voos "diferente" que estão para chegar. "Mas, às vezes, venho na cega e ganho um presente", revela.

Família
Aos sábados e, principalmente aos domingos, a grade que serve de mirante fica cheia. Ver aviões é programa de família. Algumas nunca chegaram perto de uma aeronave, quem dirá voar.

O vendedor Daniel Aragão, 25, morava com mulher e cinco filhos em Araguaiana, no interior do Tocantins. Veio trabalhar em Salvador e, como primeiro passeio em família, levou todo mundo para o aeroporto. "A gente só via avião beeeeeeem de longe. Aí na primeira chance vim conhecer e mostrar para ele".

Mas, o que os fascina? Por que essa paixão? Para a maioria, a explicação é simples. Na cabeça de muita gente, por mais que a tecnologia avance, voar é para os pássaros. Então, o avião é visto quase como um ser vivo.

"Olhe aquilo ali! Olhe o tamanho daquela criança. Como um bicho desses consegue voar? Só Deus! Só Deus!". A empolgação é do…

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