Cada vez mais, o tema acessibilidade tem obtido espaço quando se fala em investir em melhorias para usuários de produtos e de serviços turísticos no Brasil. Quando o assunto não é tratado com relevância pelas empresas, a legislação dá jeito de exigir iniciativas.
Foi o que aconteceu com os aeroportos após incidente com a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), que é tetraplégica e, em 2011, se recusou a sair de um avião que pousou longe dos fingers (passarelas de acesso direto das aeronaves aos portões de embarque e desembarque) de Guarulhos, em São Paulo. A parlamentar, que depende de cadeira de rodas para se locomover, reclamou da ausência de equipamentos adequados às necessidades de pessoas com mobilidade reduzida e conseguiu chamar atenção para o problema.
Seguindo regulamento da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) que obriga companhias aéreas a oferecer soluções apropriadas e seguras de acesso desses grupos às aeronaves, a Infraero licitou contratação de equipamentos que devem melhorar a acessibilidade dos aeroportos estatais. O primeiro será implementado ainda neste ano em Palmas (TO).
Quem fabricará os chamados "elo", módulos conectados em formato de túnel, que, na sua extremidade, ainda comportam um elevador chamado Mamuth (em inglês, módulo remoto para embarque acessível), será a gaúcha Ortobras. De acordo com o assessor de marketing da empresa, Marcos Dias, a alternativa, além de resolver a questão de mobilidade com conforto e segurança para o usuário, ainda é mais barata e mais rápida de ser instalada do que as pontes já utilizadas. Dias não informa valores, mas garante que o tempo de implementação do equipamento não passa de 90 dias.
De acordo com o superintendente da Regional Sul da Infraero, Carlos Alberto da Silva Souza, no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, a expectativa é grande. A meta é implantar a tecnologia no Terminal 2 do complexo até a Copa de 2014. "Vai depender da performance dos três elos que serão inseridos no aeroporto de Palma", pondera. A Infraero se comprometeu com a Anac de, antes de instalar os equipamentos nos demais aeroportos estatais, testar a operacionalidade. "Precisamos da validação do órgão regulamentador", completa Souza.
Considerado uma importante inovação, o Mamuth foi desenvolvido pela Ortobras há dois anos. Nas palavras do assessor de marketing da empresa, irá "revolucionar" a acessibilidade dos aeroportos, combinando espaço e conforto para proporcionar um embarque acessível de passageiros em todas as situações, levando em consideração que também será alternativa para dias de chuva e vento forte. Quando o avião parar na pista, ao invés de cruzar o pátio, as pessoas descerão pelo Mamuth e serão conduzidas pelo túnel (elo) "“ que, ao contrário da ponte, fica no chão. O equipamento conta com sistema de acoplamento ao ônibus, quando necessário. Com isso, os passageiros embarcam direto na aeronave sem tocar na pista. Ainda oferece dois meios de elevação até o avião: uma escada ampla, com degraus projetados para garantir agilidade e conforto máximos ao passageiro, ou um elevador vertical com capacidade para quatro pessoas.
O superintendente regional da Infraero destaca que as pontes de embarque utilizadas já "são uma alternativa para cadeirante" que podem se locomover sozinhos até a porta do avião. No entanto, admite que, onde não há fingers, e quando os passageiros precisam se deslocar pelo…