Decolou no início da tarde desta quarta-feira do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para o Aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek, no Distrito Federal, o primeiro voo comercial brasileiro com bioquerosene. A operação com combustível renovável, feita pela companhia Gol Linhas Aéreas, pode reduzir em até 80% a emissão de gases de efeito estufa. A empresa espera disponibilizar cerca de 200 rotas com essa tecnologia durante a Copa do Mundo de 2014. O evento marca o Dia do Aviador, celebrado na data em que Santos Dumont fez o primeiro voo em um avião.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), o combustível de aviação representa, atualmente, cerca de 43% do custo das passagens aéreas. A curto prazo, no entanto, essa mudança não deve repercutir no valor da tarifa. «Com maior adesão a esse tipo de programa, acompanhado de políticas públicas, a tendência é que haja um ganho de escala a ponto de fazer com que esse combustível tenha um custo equivalente ao de origem fóssil. Para nós, já seria uma grande conquista. Essa é a meta do primeiro momento», explicou Paulo Kakinoff, presidente da Gol.
O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, considera que ainda é cedo para definir uma política pública de incetivo à utilização de biocombustível na aviação. «A consequência que queremos é que essas melhorias signifiquem custos menores, mas é cedo para definir como vamos operar para que essa experiência, que já é viável, seja coletivamente utilizável. Esse é o objetivo da política que vai ser formulada a partir de agora», declarou. Ele esclareceu que, inicialmente, a proposta foi garantir um padrão de sustentabilidade que melhore a vida no planeta.
A tecnologia do biocombustível, exclusiva para a aviação, foi desenvolvida pela empresa Amyris e não necessita de nenhum ajuste do maquinário do avião. «O bioquerosene é uma mudança de paradigma. Você passa a ter, a exemplo do carro a álcool e veÃculos de biodiesel, também os aviões com essa possibilidade», avaliou Donato Aranda, professor do curso de engenharia quÃmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O processamento do combustível do voo de hoje utilizou uma mistura de óleos vegetais, incluindo o de milho e o de cozinha já usado.
O primeiro voo com essa tecnologia em caráter experimental foi feito no ano passado, durante a Conferência das Nações Unidas sobre…