Em 2017, a indústria aérea global transportou 4 bilhões de passageiros e 56 milhões de toneladas de carga. O transporte aéreo exerce um papel único na conexão do mercado global, unindo familiares e amigos e reunindo líderes do mundo inteiro para enfrentar os grandes desafios do nosso tempo.
Além de ser um poderoso facilitador do crescimento econômico, turístico e de empregos. No Brasil, a aviação emprega 1,1 milhão de pessoas e contribui com US$ 32,9 bilhões para o PIB do país. Embora esses números pareçam impressionantes, uma avaliação mais detalhada mostra que o transporte aéreo pode oferecer ainda mais para a economia brasileira. Os países que possuem PIB per capita semelhante ao do Brasil, como o México, a Tailândia, a República Dominicana e o LÃbano, em todos eles, a propensão para viajar é muito maior do que a verificada no Brasil. Na verdade, a República Dominicana, a Tailândia e o LÃbano apresentam duas vezes mais passageiros per capita do que o Brasil.
Porém, no Brasil, um país com a classe média em expansão, vasta geografia e cidades importantes cercadas por selvas quase impenetráveis, o transporte aéreo não é a fortaleza que deveria ser. A aviação é um importante motor econômico nos países onde é permitido prosperar – na região, a indústria aérea representa 2,9% do PIB no México, 3% no Chile, no entanto no Brasil é apenas 1,4%, apesar do amplo setor aeroespacial do país. É evidente que existe um grande potencial a ser explorado e isso só será realizado se o país fizer mudanças significativas em sua política do setor. Com relação às regulamentações mais inteligentes, tais tecnologias foram criadas com base na ideia de que os regulamentos devem fornecer objetivos políticos claramente definidos e mensuráveis, de maneira menos onerosa possível. Uma política fiscal mais inteligente, por exemplo, incentivará a conectividade aérea, e não a restringirá com tributação excessivamente alta ou regulamentações desnecessárias. No Brasil, o quadro regulatório precário está prejudicando a propensão para viajar e impedindo o transporte aéreo de contribuir mais em termos de benefícios econômicos. Infelizmente, existem muitos exemplos que mostram que o Brasil não está adotando uma abordagem de regulamentação mais inteligente, apesar dos recentes esforços da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) de aproximar o país dos padrões globais.
As áreas mais problemáticas incluem, por exemplo: ? O combustível, que no Brasil é um dos mais caros do mundo devido ao controle da Petrobras no mercado de combustível. Mesmo que 75% do combustível seja derivado do petróleo produzido localmente, ele tem o preço de combustível importado. Isso coloca o transporte aéreo no Brasil em desvantagem competitiva em comparação a outros países, além de acrescentar US$ 600 milhões por ano na conta de combustível das companhias aéreas. A indústria aérea e os passageiros só se beneficiarão do acordo global se a legislação local se alinhar a ele ? Novas normas de bagagem: embora as companhias aéreas estejam agora autorizadas a cobrar os passageiros pelo despachado dos seus pertences, o recente debate no Congresso indica que essa política pode ser revertida, novamente se diferenciando das normas internacionais. É importante reconhecer que as companhias aéreas possuem um custo para transportar as bagagens. E com o despachado gratuito, aqueles passageiros que estão sem malas adicionais irão pagar por aqueles que estão com bagagem.
Para um setor com margens baixas e a responsabilidade imposta às companhias aéreas de garantir espaço na aeronave, a cobrança poderia ser praticada por empresas que optaram por operar no Brasil com grande desvantagem. ? Como signatário da Convenção de Montreal de 1999 (MC99) em 2006, o Brasil faz parte do padrão global da aviação que 129 Estados reconhecem. Porém, a indústria aérea e os passageiros só se beneficiarão deste acordo global se a legislação local estiver alinhada à MC99. A convenção garante uma responsabilidade mundial consistente em situações como atrasos de passageiros e bagagens, algo que as leis locais questionaram com decisões judiciais arbitrárias e inconsistentes. Outro exemplo de legislação pouco ortodoxa e que prejudica o gerenciamento eficiente da capacidade de assentos das companhias aéreas são: ? As regras que permitem que os passageiros cancelem suas passagens 24 horas após a compra e sete dias antes do embarque.
Essas situações complicam o ambiente operacional para as companhias aéreas no Brasil, trazendo custos adicionais e colocando o país em grande desvantagem em comparação aos outros da região. Isso também deixa o voo mais caro para os passageiros, visto que as organizações mantêm os custos baixos ao garantir a maior quantidade possível de assentos. A capacidade das companhias aéreas de gerenciarem as poltronas da maneira mais rentável possível também abre novas rotas, criando desta forma destinos adicionais para os passageiros aéreos. Em todo o mundo, existem vários exemplos de transformação econômica que o transporte aéreo sólido e sustentável é capaz de gerar. A conectividade robusta do setor aéreo ajudou a diversificar as economias da região do Golfo e a aviação na pequena Cingapura, mantendo, desta maneira, o alto nível graças às políticas inteligentes do país…