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IAWA realizará sua 37ª Conferência Anual pela primeira vez em São Paulo, Brasil, de 28 a 30 de outubro

Debra Santos, presidente da International Aerospace Women’s Association (IAWA), traz mais de 40 anos de experiência na indústria para sua função de liderança global no avanço das mulheres em cargos de liderança no setor aeroespacial. Este ano, a IAWA realizará sua 37ª Conferência Anual pela primeira vez em São Paulo, Brasil, de 28 a 30 de outubro. A ALN conversou com ela sobre o evento e os desafios contínuos em torno da diversidade e inclusão no setor aeroespacial.

“Primeiro, gostaria de dizer o quanto estou animada por retornar ao Brasil depois de tantos anos. O país tem um lugar especial no meu coração porque, muito cedo na minha carreira, trabalhei apoiando a Boeing na venda, marketing e configuração de aviões com a Varig, Rio Sul e Vasp. Eu era uma jovem engenheira que viajava frequentemente ao Brasil. Na época, era a única mulher na sala, liderando um grupo de engenheiros da Boeing com engenheiros da Varig, discutindo as opções de configuração da aeronave. Fui tratada com respeito porque estava preparada e tinha conhecimento técnico. Provavelmente ajudou o fato de eu falar um pouco de português. Às vezes, a conversa não era apropriada, mas eram outros tempos. Uma das contribuições mais significativas das quais participei foi a substituição do Lockheed L-188 Electra pelo 737 na ponte aérea Santos Dumont–São Paulo.”

O tema desta edição é “Quebrando Barreiras, Construindo Legados”. Quais barreiras a IAWA busca enfrentar no mundo e especialmente no contexto latino-americano?

O tema da conferência deste ano reflete nosso foco em enfrentar o desequilíbrio de gênero na liderança aeroespacial, ao mesmo tempo em que damos maior visibilidade às mulheres por meio de redes globais. Também se trata de garantir que a próxima geração herde caminhos mais sólidos para liderar.

Quais são os principais tópicos que serão abordados na conferência? Quais desafios e oportunidades se destacam para as mulheres líderes na região?

Vamos abordar os temas mais críticos para o futuro do setor aeroespacial, desde a colaboração entre governo e indústria até sustentabilidade, mercados emergentes e o papel da inteligência artificial na preparação da força de trabalho e na resiliência operacional.

Para nossas associadas na América Latina, o momento é muito oportuno. A indústria na região está crescendo rapidamente e, com isso, surge a oportunidade de incorporar liderança diversa desde o início. Ao mesmo tempo, ainda existem desafios, como a sub-representação em cargos de gestão. Ao destacar líderes mulheres em um palco global, buscamos inspirar avanços e abrir mais caminhos para hoje e para o futuro.

Por que essa expansão para a América Latina é tão significativa para a organização e como a IAWA espera que esta conferência aumente o envolvimento de mais profissionais latino-americanos na rede global?

Historicamente, o Brasil sempre foi um inovador na aviação, desde os voos pioneiros de Santos Dumont até mulheres pioneiras como Teresa Di Marzo e Ada Rogato. Com a Embraer e um setor aeroespacial em expansão, o Brasil é um ator global chave. Realizar nossa conferência aqui dá às líderes locais uma plataforma global e promove uma troca de mão dupla entre a América Latina e a rede mundial da IAWA.

Que impacto a IAWA espera que esta conferência tenha no fortalecimento de uma comunidade aeroespacial mais inclusiva e diversa na América Latina?

Queremos estimular ações concretas, desde empresas estabelecendo metas de diversidade até mentores se disponibilizando, além de jovens mulheres que passam a enxergar a aviação como um futuro possível. Ao fortalecer essas conexões entre países, podemos construir uma comunidade aeroespacial mais inclusiva e resiliente.

Desde o lançamento da iniciativa 25by2025 da IATA, vimos progressos na representação feminina em diversos cargos, mas claramente ainda há muito a fazer. Quais são os benefícios reais e tangíveis de ter uma força de trabalho diversa?

Os benefícios da diversidade na aviação são tangíveis e mensuráveis. Equipes diversas tomam decisões mais fortes, promovem maior inovação e aumentam a resiliência organizacional. Elas também refletem a diversidade dos passageiros e comunidades que servimos, além de fortalecer a cultura de segurança ao garantir que mais perspectivas sejam consideradas. A diversidade torna nossa indústria mais forte.

Na sua visão, estamos caminhando na direção certa?

Sim, vimos avanços com iniciativas como a 25by2025 da IATA e a crescente visibilidade de líderes mulheres, mas o funil de liderança ainda é frágil. Estamos na direção certa, mas o ritmo precisa acelerar. Na conferência deste ano, vamos divulgar os resultados iniciais do estudo atualizado Lift Off to Leadership, que a IAWA co-patrocinou com a Oliver Wyman. O relatório original de 2020 destacou tanto as barreiras quanto os progressos para mulheres em liderança no setor aeroespacial, e esta nova edição traz uma atualização importante sobre onde estamos hoje.

Além de atrair mais mulheres para a indústria, devem ser criados programas para incentivar seu crescimento dentro da aviação?

Com certeza. Apenas recrutar não é suficiente. Precisamos de apoio intencional para retenção, mentoria, patrocínio e capacitação em liderança. As mulheres precisam enxergar trajetórias de carreira reais, não apenas acesso a cargos de entrada.

Apesar do progresso evidente, a presença de mulheres em cargos de gestão ainda é baixa na região. O que falta ou o que pode ser feito para ampliar esse espaço?

Muitas vezes, as mulheres na aviação enfrentam barreiras estruturais, como a limitação de mentorias, ausência de patrocínio e falta de clareza nos caminhos para funções de liderança. Também vemos estereótipos culturais que podem dificultar a consideração de mulheres para cargos de liderança. O que é necessário é ação intencional: as empresas devem criar processos transparentes de promoção, investir no desenvolvimento de liderança feminina e se responsabilizar pelos resultados. Quando essas peças estão no lugar, mais mulheres prosperam em cargos de liderança.

Quais ações ou iniciativas você considera essenciais para promover maior diversidade e inclusão na indústria da aviação, tanto na América Latina quanto globalmente?

O progresso exige ação em várias frentes. As empresas precisam ampliar oportunidades de mentoria e patrocínio, além de criar pipelines desde as universidades até as carreiras aeroespaciais. Também precisamos destacar modelos de referência que mostrem o que é possível. Na América Latina e no mundo, inclusão deve ser tratada como prioridade de negócio, porque quando construímos equipes diversas, construímos organizações mais fortes, inovadoras e rentáveis.

Sobre a International Aerospace Women’s Association (IAWA)

A IAWA é uma organização global sem fins lucrativos comprometida com o avanço das mulheres em cargos de liderança na indústria de aviação e aeroespacial. Com uma rede mundial, a IAWA promove conexões significativas por meio de eventos de networking e educacionais e fornece recursos que mantêm suas associadas e apoiadores informados sobre as últimas tendências e pesquisas do setor. Saiba mais sobre os programas e iniciativas da IAWA em IAWA.org

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