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Judicialização é desafio para Copa Airlines

A Copa Airlines deverá elevar a frequência de voos semanais no país de 83 para 95 a partir de janeiro, um recorde, disse Robert Carey, vice-presidente global da aérea. Parte do crescimento se dá por uma posição geográfica privilegiada no Panamá, região central em que a empresa consegue conectar praticamente todo o continente sem a necessidade de aviões de corredor duplo.

Apesar do aumento de voos, Carey afirmou que o país ainda tem importantes desafios, como a elevada judicialização. “Sofremos mais aqui do que em mercados comparáveis“, disse.

A relação do brasileiro com as aéreas é conturbada. De um lado, empresas apontam para um excesso de processos, que teria efeito direto sobre o preço das passagens. Do outro, passageiros e órgãos de defesa do consumidor reclamam de um serviço aquém do ideal.

Para o executivo, os passos do Brasil na direção de elevar a alíquota de impostos sobre o setor aéreo, em andamento dentro da reforma tributária, podem afetar diretamente a demanda por voos no país. “A maior tributação vai afetar a demanda. Isso significa que vamos deixar de voar nossas oito rotas no Brasil? Significa que vamos reduzir voos? Difícil dizer”, disse. “No fim do dia, não se trata tanto de perguntar se as aéreas vão continuar a voar no Brasil. A pergunta é quantos brasileiros vão ter acesso a viagens aéreas e quantos turistas vão vir para o Brasil.”

O bilhete aéreo doméstico hoje é tributado em 9%, alíquota que deve subir com o atual modelo da reforma – ainda não se sabe o percentual, mas ronda os 27%. Já as passagens internacionais atualmente não são tributadas, cenário que deverá mudar com a reforma. Pela regra aprovada, que ainda levará alguns anos para entrar em vigor, a saída do Brasil seria tributada pela alíquota cheia.

A exceção será para a aviação regional, que terá um alíquota menor, mas o tema ainda precisa ser regulamentado.

Segundo cálculos da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), considerando-se uma tributação de 26,5%, a tarifa média do Brasil deverá saltar de US$ 130 para US$ 160. Enquanto isso, o bilhete internacional médio deverá sair de US$ 740 para US$ 935.

Parte do esforço do governo federal hoje é aumentar a conectividade aérea do Brasil, sobretudo doméstica. Entre as barreiras apontadas por executivos globais estaria o elevado custo do combustível de aviação.

Mas as dificuldades do setor aéreo são uma marca da América Latina como um todo e não apenas do Brasil, disse Carey. Na região, diversas empresas passaram por processos de reestruturação nos últimos anos – entre elas Avianca, Latam, Gol e, mais recentemente, Azul.

Questionado se a onda de reestruturações da região já chegou ao fim, o executivo disse ser difícil precisar. “Não sei dizer se passamos dessa fase. Mas temos uma indústria difícil e com muita competição. Às vezes, as aéreas crescem mais rápido do que elas deveriam. Continuam a aumentar a capacidade quando não são lucrativas. E isso cria uma dinâmica difícil”, disse.

A Copa fechou setembro com 83 voos semanais para o país – é a segunda maior aérea internacional em operação por aqui, atrás apenas da TAP. A meta é chegar a janeiro com 95, recorde.

O salto até janeiro deve vir com o aumento de frequências para mercados como o Rio de Janeiro (de 17 para 19 semanais) e São Paulo (de 35 para 39). Paralelo, o grupo espera retomar a operação em Salvador, suspensa desde a pandemia, com quatro voos semanais.

O grupo, entretanto, não tem uma estimativa para voltar a operação em Recife, rota também suspensa na época da covid-19. O desafio, disse o executivo, é a falta de aviões no mercado…

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