Um grupo de cerca de 300 pessoas bloqueou o acesso ao terminal de embarque e desembarque do aeroporto Pinto Martins entre as 16 e 18 horas deste domingo, em mais um dia de protestos em Fortaleza. O bloqueio irritou dezenas de taxistas que trabalham no aeroporto e motoristas que precisavam passar pela Av. Senador Carlos Jereissati, que foi fechada nos dois sentidos pela polícia. "Todos têm o direito de protestar, mas isso não é uma atitude legal. E se tiver alguém precisando ir ao hospital?", disse o taxista Humberto Dantas, 43. Em vão os taxistas tentavam fazer os manifestantes abrirem caminho. Um deles, o estudante Gysleanderson Andrade, 18, disse que o bloqueio era em benefício dos próprios taxistas. "A gente quer chamar a atenção do governador. A gente tá fazendo isso por eles (os taxistas) também". Outro taxista, ao ouvir discurso semelhante, respondeu que eles estavam querendo trabalhar e aqueles"vagabundo" não deixavam.
Pneus incendiados
O protesto começou na Av. Alberto Craveiro. Os manifestantes se agruparam por volta das 14 horas na altura do supermercado Makro e bloquearam o trânsito. Depois de cantarem o hino nacional diante da barreira montada pela Polícia Militar por causa do jogo na Arena Castelão, partiram rumo ao aeroporto e chegaram lá pouco depois do Batalhão de Choque da PM, que formou barreira para impedir a entrada de manifestantes. Parte deles sentou no asfalto empunhando cartazes, um dos quais dizia: "Prefiro ser confundido com um vândalo do que com um político", e pedindo menos dinheiro público na Copa e mais em saúde e educação. Alguns hostilizaram profissionais da imprensa. Um carro da TV Diário foi pichado e um da TV Jangadeiro teve os quatro pneus esvaziados. Por volta das 17 horas, a maior parte do grupo resolveu partir em direção à Av. Dedé Brasil. Uma parcela permaneceu no aeroporto. "Não vale a pena ir. Esse pessoal tá indo só pra fazer confusão", disse um dos que ficaram. E foi o que aconteceu.
O grupo que se dirigia à Dedé Brasil parou na Av. Bernardo Manuel, na altura do número 7306, atirou na rua pneus que estavam na calçada de uma borracharia e ateou fogo, assustando a vizinhança. "Tava todo mundo aqui na calçada quando eles apareceram e fizeram isso. É uma baderna", disse o militar aposentado Aluísio da Silva, 70. O grupo seguiu caminho e dispersou. No aeroporto, por volta das 18h, um motorista, ao ter negado o pedido de passagem, deu a ré e acelerou para cima dos manifestantes, atingindo um deles na perna. O carro subiu a rampa do Pinto Martins.
Um boletim da Aviação Civil informou que para garantir o acesso dos passageiros, tanto no embarque quanto no desembarque, autoridades do aeroporto abriram às 16h10min uma via alternativa no canteiro de obras e organizaram com as companhias aéreas o transporte das tripulações. O plano, segundo o órgão, evitou atrasos e cancelamentos de voos.