O trânsito caótico de São Paulo e a necessidade de rápido deslocamento na cidade motivaram o publicitário Fábio Wajngarten a comprar seu próprio helicóptero. Ele, no entanto, não podia arcar sozinho com o custo de aquisição e manutenção da aeronave. O sonho só se tornou viável pelo sistema de compartilhamento, um negócio já conhecido no exterior e que começa a despontar no Brasil.
«Não é luxo. É necessidade. Às vezes, tenho três reuniões em um dia em regiões totalmente diferentes da cidade. Não conseguiria chegar de carro», disse Wajngarten. No início do mês, por exemplo, gastou menos de 10 minutos no trajeto de Osasco para a avenida Faria Lima de helicóptero, um percurso que, no horário de pico, estima que levaria até duas horas e meia de carro.
De olho em clientes como Wajngarten, que precisam de um avião ou helicóptero, mas não querem arcar com o custo do bem, empresas organizam consórcios para clientes interessados em compartilhar aeronaves. Considerando o tamanho da frota brasileira, que soma cerca de 14 mil aeronaves e 2.000 helicópteros, o negócio é considerado promissor por aqui.
A Avantto, empresa criada em 2011 e que é líder de mercado, diz que a demanda pelo serviço cresce cerca de 30% ao ano. Hoje a empresa tem uma frota de 28 aeronaves e 25 helicópteros compartilhadas entre cerca de 400 clientes – de celebridades a grandes empresas, como Vale, Odebrecht e Santander.
«Os congestionamentos nas grandes cidades e falta de voos regulares para o interior fazem com que a demanda por aeronave própria aumente», disse o presidente da Avantto, Rogério Andrade. «Mas o investimento é alto e compartilhar o avião o torna mais acessível. Hoje somos procurados por muitos proprietários que querem vender cotas do seu avião para reduzir custos», completa.
Negócio. A inspiração para a Avantto veio da americana Netjets, uma das empresas do bilionário Warren Buffett, que tem 600 aeronaves. Além de vender cotas aos clientes, o serviço inclui toda a administração da frota – da contratação de pilotos ao agendamento dos voos. O preço das cotas inclui um investimento inicial, uma mensalidade e um valor pago por hora voada (veja abaixo).
O negócio é viável porque a empresa garante que os clientes poderão usar seu avião se agendarem o voo com antecedência -24 horas para aviões e 6 horas para helicópteros, no caso da Avantto. Se mais de um dono quiser usar o avião ao mesmo tempo, a empresa empresta outro modelo da frota.
A Avantto foi criada do zero pela gestora de recursos Rio Bravo, uma prática incomum para a empresa, que costuma investir em negócios já constituídos. «Montamos empresas no início da operação da Rio Bravo, há mais de dez anos. Mas é a Avantto é o único caso recente», disse o diretor de investimento da Rio Bravo, Paulo Bilyk.
O esforço se justifica pelo potencial do negócio e porque há poucas empresas que oferecem o serviço no Brasil. Um dos fundos da Rio Bravo é focado em companhias que trazem soluções mais eficientes para a utilização de ativos. O mesmo fundo investiu em uma empresa de locação de equipamentos para construção civil no Nordeste. «A Avantto é um investimento de longo prazo. Olhando a experiência da Netjets, entendemos que ela pode ser um bom pagador de dividendos», diz Bilyk.
A Rio Bravo, não foi a única a olhar para o segmento. O fundo Patrimonial Blue, administrado pela corretora Planner, comprou em 2011 uma fatia da Prime Fraction Club, empresa criada há cinco anos para…