A Associação do Transporte Aéreo Internacional (IATA) analisou o progresso realizado nas áreas de digitalização, segurança e sustentabilidade na abertura de seu simpósio mundial de carga aérea, o IATA World Cargo Symposium (WCS), com o objetivo de acelerar os avanços realizados nestas prioridades.
“Os volumes de carga aérea estão de volta aos níveis anteriores à pandemia. O desafio agora é garantir que o crescimento da carga aérea seja eficiente, seguro e alinhado ao objetivo de atingir zero emissão líquida de carbono até 2050. O trabalho árduo do setor da carga aérea já implementou os alicerces para acelerar significativamente o progresso em todas essas áreas”, disse Brendan Sullivan, diretor global de carga da IATA, no WCS, que começou hoje em Hong Kong.
Digitalização
“O maior avanço na indústria de carga aérea é da digitalização. Não aconteceu tão rápido quanto gostaríamos, mas o progresso é real. Processos manuais ineficientes e baseados em papel estão sendo substituídos por soluções digitais em todos os aspectos das operações de carga, desde o rastreamento até o desembaraço aduaneiro. Isso é um fato, e está tornando o comércio internacional mais eficiente. O nosso apelo é claro: os governos devem implementar padrões globais de forma consistente, os parceiros da cadeia de suprimentos precisam colaborar para superar os desafios em comum e todo o setor deve se alinhar para garantir uma abordagem de digitalização unificada e eficaz”, afirmou Sullivan.
Três áreas foram destacadas para ilustrar o progresso realizado:
- Compartilhamento descomplicado de informações digitais: A adoção do padrão ONE Record permite a troca eficiente de dados em toda a cadeia de suprimentos. O objetivo é que todos os membros da IATA estejam capacitados a usar o ONE Record até janeiro de 2026. A Cathay Cargo e a Lufthansa Cargo já atingiram esta meta. E todos os principais fornecedores de plataformas de TI para companhias aéreas se comprometeram a obter o acesso ao ONE Record para apoiar essa transição.
- Digitalização dos processos alfandegários e de facilitação comercial: Entre os países que já estão implementando a digitalização, o Brasil diminuiu o tempo de liberação de carga de 5 dias para apenas 5 horas com o uso dos padrões digitais da IATA, potencialmente reduzindo o processamento manual em até 90%. E a União Europeia, os Emirados Árabes Unidos e o Canadá reconheceram o valor do compartilhamento de dados precisos em toda a cadeia de suprimentos de carga aérea e vão adotar sistemas avançados de informação de carga pré-carregamento até ao final de 2024. Os Estados Unidos foram os primeiros a adotar esses sistemas em 2019.
- Rastreamento de carga: O guia interativo de carga da IATA (IATA Interactive Cargo Guidance) atualizado oferece instruções unificadas, permitindo que dispositivos de rastreamento garantam a qualidade e a precisão das condições para mercadorias com tempo de transporte limitado e que exigem controle de temperatura. Isto é fundamental para facilitar a crescente demanda por rastreamento em tempo real de carga do comércio eletrônico e do comércio de produtos farmacêuticos.
Segurança
“A segurança é fundamental para o sucesso da carga aérea. No ano passado, o recorde de segurança do setor atingiu novos patamares. Entre os 38 milhões de voos realizados em 2023 ocorreram 30 acidentes, dos quais apenas um foi fatal. Um bom histórico de segurança é conquistado todos os dias. Para a carga aérea, isso significa que continuaremos dedicando atenção especial ao manuseio de mercadorias perigosas e, em particular, às baterias de lítio”, disse Sullivan.
Quatro áreas foram destacadas em relação ao transporte seguro de baterias de lítio:
- Um teste padrão para contêineres retardadores de fogo está pronto para aprovação.
- Mais de 90 companhias aéreas estão agora compartilhando dados sobre incidentes envolvendo mercadorias perigosas usando o programa IATA Global Aviation Data Management (GADM).
- Foram publicadas orientações para que as operadoras reconheçam e reduzam os riscos de expedidores inexperientes no comércio eletrônico que utilizam o sistema postal.
- Uma atualização do Anexo 18 da Convenção de Chicago esclarece as responsabilidades no manuseio de mercadorias perigosas e a sua regulamentação efetiva está agora pronta para adoção global pelos Estados.
O regulamento de mercadorias perigosas, ou Dangerous Goods Regulations (DGR) da IATA é a base para o manuseio seguro de mercadorias perigosas pelas operadoras de carga aérea.. É importante ressaltar que a IATA renovou e fortaleceu sua parceria com a OACI para publicar este documento fundamental no início de 2024, que também conta com o apoio de inúmeras ferramentas inovadoras, incluindo Connect API e o DG AutoCheck, que estão ganhando força no setor à medida que são reconhecidos os benefícios da automatização de processos anteriormente baseados em papel.
Sustentabilidade
As companhias aéreas e os expedidores deram fortes sinais de demanda por combustíveis de aviação sustentáveis (SAF), que devem representar cerca de 65% da mitigação necessária para atingir zero emissão líquida de carbono em 2050.
“Não faltam sinais da demanda por SAF de companhias aéreas e expedidores. O problema ainda é a escassez de oferta. Assim como vimos com a introdução da produção da energia solar e eólica, os incentivos à produção são a solução. O Japão é um bom exemplo. O governo impôs aos fornecedores de combustível um mandato de produção de 10%. Cingapura também tomou recentemente medidas para criar um Hub Aéreo Sustentável para promover a produção e o uso de SAF. Os Estados Unidos adotaram créditos fiscais relacionados à Lei de Redução da Inflação que estão resultando em aumento da produção. Precisamos que mais governos sigam esses exemplos positivos”, disse Sullivan.
Além disso:
- A CO2 Connect para carga aérea, uma ferramenta precisa de cálculo das emissões das operações, será lançada até o final deste ano.
- O programa IATA Environmental Assessment (IEnvA) apoia 60 organizações do setor, incluindo companhias aéreas, aeroportos e operadores de carga, para mostrar como as suas ações de sustentabilidade estão causando um impacto positivo no setor.
“Mudanças são essenciais para que qualquer indústria sobreviva. E mudanças constantes nunca são fáceis. Mas vale absolutamente a pena quando uma mudança resulta no transporte de 60 milhões de toneladas de carga que impulsionam as economias, melhoram a vida das pessoas e tornam o nosso mundo um lugar melhor. É isso que nos inspira a tornar a nossa indústria mais eficiente, cada vez mais segura e dentro da meta de zero emissão líquida de carbono até 2050”, disse Sullivan.