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Sindicato afirma que demissões afetam segurança de voos

O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) afirmou que as demissões de mecânicos de pista responsáveis pela vistoria preventiva, realizadas por companhias aéreas desde 2016, podem afetar a segurança dos voos no Brasil. De acordo com números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego em 2016 foram dispensados 1.319 mecânicos de manutenção de aeronaves (englobando mecânicos de pista e hangares). Foram 874 demitidos e 230 contratos encerrados. As demissões ocorreram principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais.

Segundo um dos dirigentes do SNA, Ivanio Gonçalo da Silva, de Aracaju "a preocupação é justamente com a segurança dos voos, porque no ano de 2016 houve um número muito grande de demissões desses profissionais e de janeiro para cá foram demitidos mais 150 profissionais de manutenção". Para ele, com um número reduzido de mecânicos, cada profissional tem que se dividir entre mais de uma aeronave. "Para fazer uma inspeção perfeita, é preciso de tempo adequado", explica.

A figura do mecânico de pista é responsável por fazer uma vistoria preventiva, mas não obrigatória. Ele busca por danos na fuselagem, que podem ser causados durante o voo por pássaros, raios, turbulência ou até mesmo durante pouso e decolagem. Ele também checa o trem de pouso, pneus, sistema hidráulico, de óleo e energia auxiliar.

POSIÇÃO CONTRÁRIA
Em resposta às críticas do SNA, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que na regulação da aviação civil não existe a figura de "mecânico de pista". Segundo a agência, o atendimento em pista de aeronaves, via de regra, não constitui atividade de manutenção, não sendo necessário que os funcionários sejam habilitados pela Anac como "Mecânicos de Manutenção Aeronáutica".

A Anac divulgou ainda que não é pertinente a correlação das últimas ocorrências que envolveram aeronaves de grandes empresas aéreas com a atividade de "mecânico de pista", e que todos os casos ainda estão em fase de apuração, não sendo possível atribuir causas a cada um deles.

O SNA enviou à Anac uma solicitação para que seja feita uma reformulação do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) 121, para que o texto seja complementado exigindo e garantindo o acompanhamento pelo mecânico técnico em aeronaves. Hoje o documento prevê que as empresas têm de garantir suporte técnico, mas não especifica que um mecânico tem que estar ao lado da aeronave. "Se hoje a aviação brasileira tem um nível de segurança alto, é porque sempre foi acompanhada por esses profissionai", afirma Silva.

Procurada pela reportagem, a Latam afirmou que "a segurança é um valor inegociável e as otimizações de custos que a companhia vem realizando não colocam em risco a operação. A empresa, portanto, desmente veementemente qualquer informação que possa contrariar esta premissa. A companhia reforça ainda que possui um programa de manutenção validado tanto pelas fabricantes das aeronaves que opera quanto pela Anac"…

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