A recuperação da economia americana já apresenta reflexos nos negócios com o Brasil. Principalmente no setor de aviação. Somente no primeiro trimestre deste ano, a demanda de pedidos da Embraer atingiu US$ 13,3 bilhões, com destaque para a venda de jatos comerciais e do segmento de defesa e segurança. Entretanto, não só a retomada americana é responsável pelo aumento das exportações: a valorização do dólar frente ao real e os pacotes de incentivos fiscais à indústria aprovados pelo governo federal são fatores que contribuem para o crescimento de uma das maiores exportadoras brasileiras.
Integrante do Conselho Regional de Economia de São Paulo e da Ordem dos Economistas do Brasil, Afonso Arthur Neves Baptista afirma que a valorização do dólar beneficia grandes exportadoras e importadoras brasileiras como a Embraer e a Petrobras. "A desoneração de impostos com objetivo de estimular o setor e manter os empregos está incentivando a companhia a aumentar o seu desenvolvimento e competitividade", explica.
O governo tem dado incentivos a setores como o da aviação civil e o da indústria automobilística, desonerando e diminuindo a carga tributária. "Isso tem ajudado muito, porque a política da presidente é manter os emprego", aponta Baptista. Para ele, isso se reflete na demanda da Embraer. "O mercado da aviação civil cresceu muito por causa dos trabalhadores e da competitividade entre várias companhias aéreas, que baixou as tarifas e fez mais gente passar a viajar de avião", analisa.
Em 2012, a Embraer entregou um total de 106 aeronaves comerciais e 99 aeronaves executivas. A expectativa para este ano é entregar de 90 a 95 jatos comerciais, de 80 a 90 jatos executivos leves e de 25 a 30 jatos executivos grandes. Dessa forma a companhia espera atingir um total de receita líquida entre US$ 5,9 bilhões e US$ 6,4 bilhões. A contribuição aproximada de cada negócio na receita líquida da Embraer deve ser formada pela aviação comercial, representando 52% das vendas; aviação executiva, com 25%; defesa e segurança, com 21%; e outros negócios, responsáveis por 2%.
Somente no primeiro trimestre de 2013, a Embraer entregou 17 aeronaves comerciais e 12 executivas, representando uma redução de 4 e 1, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2012. "Essa queda é sazonal. Tem influência da produção, da linha de montagem. Não podemos levar em consideração que seja menos pedidos. Acredito que a empresa tenha trabalhado menos dias, em função dos feriados, e, por consequência, produzido meno", diz Baptista.
Como resultado, mesmo com a quantidade menor de aviões entregues, em conjunto com o faturamento da crescente área de defesa e segurança, a receita líquida do primeiro trimestre atingiu R$ 2,156 bilhões. "O faturamento teve um aumento de 6%, em comparação ao primeiro trimestre de 2012, por causa da alta do dólar, dos incentivos à indústria e da redução de tributo", afirma o economista.
Os investimentos da empresa em tecnologia também estão contribuindo para o saldo positivo, pois diminuem as importações de equipamentos. Segundo Baptista, embora a Embraer ainda compre tecnologia do exterior, reduziu suas importações por causa do aprimoramento do parque industrial, que ficou mais competitivo pela redução da tributação.
Para o resto do ano de 2013, de acordo com a empresa, o investimento esperado deve totalizar US$ 580 milhões. Esta valor será dividido em três áreas: US$ 100 milhões devem ir para pesquisas; US$ 300 milhões para o desenvolvimento de produtos; e US$ 180 milhões devem ser consumidos por gastos de capital.