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IATA: Liberar estrangeiro em aérea é visionário e coloca Brasil em posição privilegiada

A decisão do Brasil de permitir que grupos estrangeiros possam deter até 100% do capital das companhias aéreas nacionais é ‘visionária’, segundo Peter Cerdá, vice-presidente regional da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) para as Américas, e coloca o País em posição privilegiada no mercado global. Apesar de elogiar a medida, o executivo prefere não arriscar sobre se e quando grupos internacionais poderiam operar no mercado doméstico brasileiro.

«Isso (a abertura ao estrangeiro) amplia as oportunidades para injeção de capital estrangeiro no setor. Poucos países no mundo adotaram de verdade essa política», afirmou o executivo em entrevista exclusiva ao Broadcast. Sobre a possibilidade de mais consolidação diante da abertura para capital estrangeiro, em meio ao complicado processo de recuperação judicial da Avianca, Cerdá prefere não arriscar palpites. «Não há como prever quantas aéreas devem entrar em operação no País ou quais continuarão na ativa nos próximos anos. O mercado dirá qual é o ponto de equilíbrio».

Com relação aos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro, o porta-voz da entidade para a região diz estar otimista diante dos recentes acontecimentos, como o leilão de aeroportos, cujo modelo considerou acertado. «Os primeiros 100 dias estabelecem o tom de como o governo será», disse Cerda.

Em março, na quinta rodada de concessão de aeroportos o governo arrecadou R$ 2,377 bilhões com o leilão de 12 aeroportos promovido pela Agência Nacional de Aviação (Anac) e o Ministério da Infraestrutura. Distribuídos em três blocos nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, as concessões atingiram ágio médio de expressivos 986%. Entre os vencedores a presença dos espanhóis da Aena e dos suíços da Zurich Airport confirmaram o sucesso do novo modelo entre os estrangeiros. O excelente resultado, para o executivo, se deve a maior flexibilidade dos contratos, transparência e melhor estrutura regulatória.

A associação vinha se declarando bastante cautelosa com relação às concessões, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Em meados do ano passado, a entidade publicou um estudo com a consultoria McKinskey revelando que as privatizações no setor encareceram os serviços aos consumidores, elevaram custos às aéreas e não trouxeram ganhos de eficiência substanciais.

Open Skies
Para Cerdá, outro passo importante dentro do setor foi a aprovação no ano passado do acordo Céus Abertos (Open Skies) assinado com os EUA, que retira o limite de frequências de voos entre os dois países. O pacto abre espaço para mais sinergias entre as aéreas brasileiras e norte-americanas e deve elevar em 1,3 milhão o número de turistas por ano no País, conforme estimativas do Ministério da Infraestrutura anunciadas na ocasião da assinatura. «Isso gera oportunidades para otimização de voos entre as companhias, ampliando capacidade. Consequentemente você aumenta o leque de opções para os usuários, gerando mais fluxo de passageiros».

Em um País com uma população com pouco mais de 200 milhões de habitantes, Cerdá vê uma grande oportunidade para o transporte aéreo se destacar no modal brasileiro nos próximos anos e que o momento é de se dedicar ao aprimoramento da infraestrutura. «Guarulhos, por exemplo, já está ficando saturado», diz.

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