A construção de um aeroporto de US$ 15,5 bilhões sob medida para a Qatar Airways mostra o tamanho da aposta do governo na sua companhia área. Há dezesseis anos, o governo do Qatar desenhou um novo projeto para a aérea estatal, que até então fazia apenas voos regionais. A ambição do Qatar era fazer da empresa uma gigante voltada à aviação internacional e especializada em conectar pessoas em diversas partes do mundo, usando Doha, a capital do país, como base operacional.
A fórmula da Qatar Airways para tentar ganhar relevância na aviação internacional é muito parecida com a adotada por outra empresa do Golfo Pérsico, a Emirates Airlines. As duas apostam em serviços de alto padrão e em aeroportos modernos para atender os passageiros que viajam entre o Ocidente e o Oriente.
As companhias aéreas do Oriente Médio são as que mais crescem no mundo, segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). Em 2013, até setembro, o volume de passageiros transportados por essas companhias cresceu 12%, acima da média global de 5%. A previsão é que as empresas do Oriente Médio somem lucros de US$ 1,6 bilhão neste ano.
A Qatar Airways tem mais 250 aeronaves encomendadas, entre elas, 13 Airbus 380, o maior avião do mundo. Atualmente, recebe em média uma aeronave nova a cada 15 dias. Hoje sua frota soma cerca de 120 aviões e a empresa voa para 130 cidades de 70 países.
A transformação da Qatar Airways é um projeto liderado pelo economista Akbar Al Baker, natural de Doha, que ocupa o cargo de presidente da empresa desde 1997. Al Baker é uma figura franzina, de olhos castanhos arregalados, coberto de branco da cabeça aos pés e que define a si mesmo como «um soldado do governo». No Oriente Médio, veste o dishdasha, o traje masculino tÃpico da região. Em viagens internacionais, no entanto, Al Baker prefere ternos de grife.
Em seus discursos, Al Baker não esquece de mencionar que a Qatar Airways é uma das sete empresas aéreas avaliadas como cinco estrelas pela consultoria Skytrax. «Há dezesseis anos, quando assumi o cargo, fui chamado ao escritório do pai do nosso emir e lhe fiz uma pergunta: ‘o que ele esperava de mim’. Ele me disse que queria ter a melhor companhia aérea do mundo. E nós conseguimos isso», contou Al Baker, no discurso durante a solenidade de ingresso da Qatar Airways à aliança de companhias aéreas Oneworld. À noite, no mesmo dia, repetiu a história no discurso que antecedeu o jantar oferecido a parceiros e convidados.
Outra marca de Al Baker são as crÃticas recorrentes ao modelo de aviação de baixo custo para longas distâncias e um humor ácido para falar sobre a concorrência. «Eu não quero criticar a Lufthansa. Ela finalmente percebeu que tem negócios para todos», disse o presidente da Qatar Airways a um jornalista alemão, que o questionou sobre as reclamações da companhia de que a Qatar Airways estaria entrando em seu mercado. «É verdade. Eu roubo passageiros deles. E eles roubam de mim.».
Expansão. Com a nova frota e a transferência das operações para o novo aeroporto de Doha, a companhia planeja crescer mais. A empresa acaba de entrar em uma aliança aérea e pretende explorar as parcerias com…