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Pós-acordo com Boeing, ‘nova Embraer’ poderá concorrer com a ‘velha’ Embraer

O acordo entre a brasileira Embraer e a americana Boeing para criação de uma terceira fabricante de aviões, uma espécie de «Nova Embraer» por ora chamada NewCo, abre a possibilidade de a nova companhia concorrer com a «velha» Embraer no mercado de aviação executiva.

A concorrência entre as duas companhias está prevista no documento “Manual e Proposta da Administração para Participação na Assembleia Geral Extraordinária da Embraer”, divulgado para aprovação dos acionistas da fabricante de aviões em assembleia na próxima terça-feira, dia 26.

O documento, de 284 páginas, discorre sobre os termos gerais da negociação entre as duas companhias. No capítulo sobre o compartilhamento de propriedade intelectual da Embraer com a NewCo, o texto afirma que as duas podem desenvolver juntas aeronaves civis de até 50 lugares, mercado ocupado pela aviação executiva.

Caso não cheguem a um acordo sobre a estratégia comercial das aeronaves, a NewCo “ poderá lançar referida aeronave isoladamente ou com outros parceiros, sem prejuízo de acordos futuros referentes a novos projetos”.

A possível concorrência causou uma reação negativa de investidores minoritários da Embraer. O temor é de que a medida abra espaço para transferência de propriedade intelectual da Embraer à NewCo e à desvalorização das ações da companhia brasileira ao longo do tempo.

– A medida abre espaço para a Boeing utilizar propriedade intelectual da Embraer. Isso é ruim pra empresa brasileira, ruim para os acionistas e ruim para economia nacional – diz Aurélio Valporto, presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), entidade crítica às negociações.

No começo do ano, a entidade moveu uma Ação Civil Pública na Justiça paulista pedindo o cancelamento do acordo entre Embraer e Boeing. A medida foi rejeitada nesta terça-feira (19/1). Ontem, a Abradin enviou uma notícia-crime ao Ministério Público Federal em São Paulo na tentativa de paralisar a assembleia geral dos investidores marcada para terça-feira.

O documento hoje à disposição dos investidores da Embraer, contudo, não traz todos os detalhes do acordo entre a companhia brasileira e a americana. As cláusulas seguem sob sigilo. E, nelas, é possível haver alguma estipulando a não-concorrência entre a Embraer e a NewCo…

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