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Cresce a presença de mulher piloto no mercado aéreo brasileiro

O crescimento das mulheres na aeronáutica tem sido significativo nos últimos anos. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o número de mulheres com licença para voar como piloto comercial de avião subiu 64% de 2015 a 2018, passando de 261 para 428 no ano passado.

Apesar do crescimento, as mulheres ainda são minoria na classe dos pilotos. Enquanto elas são 428 (3%) com licença para voar, eles somam 13.952 (97%). O setor de aviação brasileiro ainda é muito masculinizado. Na categoria de piloto de linha aérea, considerado o topo da carreira, as mulheres são menos de 1%, apenas 49 do total de 5.211 licenças.

“O número de pilotos homens é nitidamente maior, mas existe uma tendência e um crescimento na participação das mulheres”, afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, comandante Ondino Dutra.

A piloto Marcela Fernandes vê sua profissão, e a entrada de mulheres no ramo, de forma otimista. Ela voa como piloto há sete anos pela companhia aérea Azul e conta que nunca passou por nenhum problema por ser mulher. “Alguns clientes estranham. Às vezes, quando chegamos no destino, algum fala: ‘Nossa! Foi você quem trouxe a gente?!’. Mas isso não me machuca, é só falta de costume”, diz a piloto.

Marcela afirma que o meio aeronáutico está aberto para mulheres, e que a presença delas, dia após dia, quebra um paradigma que vai deixar de existir. “É um trabalho de formiguinha, as coisas vão se desmistificando com o tempo.”

Para a comandante da Avianca, Paula Babinski, a maior parte do preconceito vem dos passageiros que não estão acostumados a ver uma mulher comandando uma aeronave. Ela conta que o pouco de preconceito que sofreu no meio foi quando tirava as licenças, mas afirma que nunca se abalou. “As piadas sempre serviram de combustível. Eu queria mostrar para eles que eu poderia ser o que eu quisesse”, diz a comandante.

Paula relata um momento marcante da sua trajetória de nove anos de voo como piloto. Um passageiro pediu para descer do avião ao ouvir a voz dela. Na época, ela era a copiloto da aeronave, estava em seu período de treinamento, e seu instrutor insistiu para que ela desse as boas vindas no auto-falante. Ao deduzir que uma mulher estaria pilotando a aeronave, o passageiro fez o avião voltar à posição de embarque para que ele pudesse descer. “Os passageiros são pessoas de diferentes culturas, que trazem suas bagagens, e não posso jamais julgar. O que eu posso fazer é convidá-los a experimentar o voo com mulheres.”

A falta de divulgação sobre como mulheres podem ser piloto é o principal impeditivo para elas entrarem na profissão, de acordo com a diretora do SNA, Luciana Carpena. “As pessoas ainda tratam a aviação com muito glamour, mas, na verdade, é uma profissão como qualquer outra.” Para a comandante, a profissão ausenta a profissional de casa como qualquer outra. “O necessário é administração do tempo.”

A Avianca formou a primeira equipe inteiramente composta por pilotos mulheres em 2018, por meio do Programa Donas do Ar. Com a crise financeira da companhia aérea, o projeto, que promovia treinamento e contratação, além da divulgação da profissão, foi colocado em stand-by.

A única classe aeronáutica na qual as mulheres são maioria é a dos comissários, que comporta 7.005 mulheres (66%) e 3.637 homens (34%). A presença de comissários homens vêm crescendo levemente…

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