O gaúcho Cássio Ãvila, de 39 anos, tem licença de piloto comercial, foi instrutor de voos no aeroclube do Rio Grande do Sul e acumula mais de 1,2 mil horas de voo, uma experiência que o habilitaria a uma vaga de copiloto nas grandes empresas aéreas brasileiras. Mas só não está na lista de desempregados porque trabalha por conta própria, fazendo sites para empresas. Deixou pela metade a faculdade de Economia para investir no sonho de ser aviador – e chegou a gastar em torno de R$ 3 mil por mês para pagar pelo treinamento. "A promessa de emprego era ótima. Falavam que ia faltar piloto no Brasil. Mas não tem vaga."
Ãvila está no grupo de pilotos recém-formados, que precisam de uma primeira oportunidade para entrar na aviação. Muitos começam na aviação executiva e depois viram copilotos de linhas aéreas – e dentro da empresa crescem até chegar a comandante. "Até na aviação executiva está difícil. Os donos de aviões particulares pararam de voar para economizar", diz.
Outro caminho é trabalhar como instrutor de aeroclube, uma função com remuneração "simbólica", mas que é interessante para acumular horas de voo e tentar ingressar diretamente em uma companhia aérea. "Achava que o problema era comigo, mas dos 12 que terminaram o curso comigo, só um trabalha na aviação", diz Ãvila.
A estudante Laura Falkowski, de 20 anos, espera, neste momento, por uma vaga de instrutora de voo. Ao estudar aerodinâmica na faculdade de Física, se apaixonou por aviação. Mudou a graduação, para Letras-Inglês, e passou a dedicar mais tempo ao curso de formação de pilotos. Do primeiro voo ao simulador de jatos foram dois anos de dedicação e um investimento em torno de R$ 100 mil. "Por causa da crise, vários instrutores estão sem emprego e o aeroclube não pode absorver todo mundo. Estou na fila", disse. Para ficar próxima da aviação, Laura trabalha voluntariamente na área de manutenção do aeroclube do Rio Grande do Sul…