O Associação Nacional de Empresas de Gestão Aeroportuária (ANEAA), organização sem fins lucrativos criada em Julho de 2013 que, juntamente com o sector público e privado, trabalha para possibilitar e promover a agenda de concessões aeroportuárias no Brasil, vai realizar de 16 a 18 de Novembro em São Paulo a segunda edição do Encontro Nacional de Aeroportos (ANM 2022).
ALN falou com Fabio Carvalho, CEO da ANEAA para saber mais sobre o evento e a paisagem aeroportuária no Brasil.
– A ANEAA vai realizar em breve a segunda edição do ANM 2022, evento que visa consolidar-se como a principal plataforma de negócios para a indústria aeroportuária brasileira. Qual é o objetivo desta edição e quais serão os principais tópicos a serem discutidos?
Queremos que o Airport National Meeting seja efetivamente um espaço de business, funcionando como uma plataforma para o desenvolvimento do setor aeroportuário com oportunidades de negócios, ambiente para encontros one-to-one, soluções de produtos e serviços e uma arena de debates com as principais autoridades nacionais e internacionais do setor.
Este ano, nosso foco é a sustentabilidade nos aeroportos, um tema que vem mobilizando aeroportos por todo o mundo. Não só pelas questões de redução das emissões, mas também pela eficiência energética dos terminais e pela redução de ruídos. E esse é um assunto que se liga muito com a inovação tecnológica, que também será destaque nesta edição.
– Você considera que a infra-estrutura aeroportuária brasileira está preparada para a recuperação esperada e o crescimento futuro? Quais são os maiores desafios?
Estamos preparados para os atuais desafios e para os desafios futuros. A aviação brasileira – e os aeroportos brasileiros, especialmente – já demonstraram, em grandes eventos, a capacidade de conseguir atender públicos, demandas e situações diferentes. Temos condições de crescer muito nos próximos anos. A infraestrutura dos aeroportos jamais será um gargalo para o desenvolvimento da aviação no Brasil. Os maiores desafios que temos pela frente, além da definição de matrizes, dizem respeito a permitir que o brasileiro possa voar mais. Nosso processo de inserir cada vez mais brasileiros no mercado dsa aviação vai ser compatibilizado pela nossa capacidade de acolher e atender cada vez melhor as pessoas que querem viajar de avião.
– O que os aeroportos do país precisam para se igualarem aos melhores da região e do mundo?
Os aeroportos do Brasil operados pelas concessionárias já estão nos melhores padrões internacionais, o que se reflete nos constantes prêmios que vêm recebendo. Ao se embarcar ou desembarcar num aeroporto brasileiro, é notória a eficiência na prestação dos serviços aeroportuários que garantem aos usuários e profissionais do setor o melhor serviço possível. O aprimoramento constante e a busca de inovação e melhorias também são um constante em todos os aeroportos. A maior prova disso é o resultado das Pesquisa Nacional de Satisfação do Passageiro e Desempenho Aeroportuário, aplicada pela Secretaria Nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, que demonstra, ano a após ano, o alto nível de contentamento dos usuários com nossos serviços,
– O modelo de concessões aeroportuárias no Brasil foi implementado em 2011 com bons resultados. Podemos ser um modelo a ser seguido em outros países da região?
Somos um excelente modelo a ser seguido. Tive a satisfação de participar de reuniões recentes com investidores e membros de governos estrangeiros que, além de reconhecer os acertos do programa, querem entender quais são os pontos que garantiram o ingresso dos investimentos e a melhoria clara na prestação do serviço. Naturalmente, existem desafios adicionais a serem enfrentados, tanto na gestão contratual como na evolução do modelo. Mas o resultado até agora é muito positivo.
– Quais são os benefícios quando as empresas aéreas e os aeroportos trabalham em conjunto?
A indústria da aviação é essencialmente colaborativa. Dependemos uns dos outros para a boa prestação do serviço e para o crescimento do setor. Temos muitas pautas comuns para o desenvolvimento da aviação brasileira. Temos buscado trabalhar cada vez mais juntos para garantir que o brasileiro possa voar mais e usufruir de uma estrutura segura, eficiente e adequada à necessidade e realidade. Nesse sentido, já temos acordo de cooperação celebrado com a ABEAR e queremos aprofundar as relações com todos os stakeholders para garantir um desenvolvimento conjunto e estrutural para os próximos anos.
– Qual a importância da segurança, digitalização e sustentabilidade para o setor aeroportuário?
Segurança para a aviação civil é sempre um requisito, é sempre o primeiro aspecto de definição de qualquer medida. É a partir dos requisitos de segurança que as demais medidas são concebidas. Os avanços tecnológicos permitem a atualidade e a maior facilidade na experiência da viagem, que sempre começa ou acaba em um aeroporto. Os aeroportos brasileiros têm avançado na mesma velocidade que os internacionais trazendo novidades, como o reconhecimento facial, entre outras medidas, de modo a garantir que jamais estejamos defasados em relação ao que há de mais moderno e eficiente no mundo. A sustentabilidade também passa a ser uma necessidade e objetivo comum, muito mais que uma retórica bonita. Podemos encontrar resultados nos processos de descarbonização com metas ambiciosas para efetiva redução de emissões. Além disso, acompanhamos atentamente as tendências evolutivas de combustíveis nas soluções elétricas ou de hidrogênio para as aeronaves, com as implicações de modificações nas plantas aeroportuárias do futuro.
– Qual é a sua posição sobre o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis de aviação e outras tecnologias de descarbonização da indústria?
A sustentabilidade não pode ser compreendida como discurso do “politicamente correto”. Antes disso, é medida de sobrevivência e de garantia de subsistência da humanidade. Estamos alinhados com a pauta e queremos ter um papel de protagonismo para garantir que os aeroportos possam ter voz ativa na definição da matriz e garantir que as tecnologias não sejam utilizadas a título de “lobby” a uma ou outra solução, mas na adequação daquilo que é realmente mais sustentável para o meio ambiente e possa ser pago sem impor ônus excessivos adicionais aos usuários.
– Qual é o compromisso da ANEAA com a diversidade e a inclusão dos profissionais do setor?
A Associação tem interesse em contribuir para promover a equidade de gênero e oportunidades. Acompanhamos e nos perfilamos a iniciativas que permitam promover a inclusão feminina e de diversidade de qualquer natureza para atuar no setor, privilegiando sempre a competência e não os estereótipos, para garantir oportunidades às pessoas que queiram se dedicar a essa indústria tão fascinante que é a aviação civil.