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Sem ação do governo, aviação encolhe no país, diz Iata

Para a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) – que representa as 260 maiores companhias de aviação do mundo e 83% do tráfego global -, há risco de encolhimento do setor aéreo no Brasil.

Por se tratar do maior mercado da América Latina, essa retração pode provocar reflexos na conectividade mundial. É o que afirma o vice-presidente da Iata para Américas, Peter Cerda, executivo que está na entidade desde 2003.

Segundo Cerda, a conjuntura polí­tica e econômica adversa no Brasil é ampliada pelo sistema tributário, que gera distorções na composição dos custos das empresas que operam no país.

Prova desse quadro, diz o especialista americano, são os números revelados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que mostraram que apenas entre abril e junho deste ano, TAM, Gol, Azul e Avianca tiveram prejuízo lí­quido somado de R$ 1,1 bilhão.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista que o principal executivo da Iata para os mercados das Américas concedeu ao Valor:

Valor: Por que a Iata diz que o ambiente da aviação no Brasil é anticompetitivo?

Peter Cerda: Por várias razões. As empresas investiram muito nos últimos anos, em frota, tecnologia e capacidade. Hoje o setor atende uma ampla gama de consumidores, 50% mais que cinco anos atrás. Há empresa ‘low cost’, empresa internacional, novas empresas, com uma das mais jovens frotas do mundo. Infelizmente o governo não tem cumprido o compromisso de tornar o ambiente competitivo, por exemplo, com relação a taxas, regulamentos, custos e tabelas. Esse contexto se torna mais grave no atual momento de crise.

Valor: Quais os maiores riscos desse cenário no médio e longo prazos?

Cerda: Será muito mais difícil para a indústria crescer, com impactos econômicos em conectividade, para atrair capitais e meios de produção para o Brasil. Ganhos obtidos na atração de turistas e investimentos e [ganhos] de escala poderão ser perdidos.

Valor: Há alternativas de soluções viáveis levando em conta o curto prazo?

Cerda: Se o plano de cinco pontos apresentado pela Abear [Associação Brasileira das Empresas Aéreas] ao governo for negociado, já há uma solução a caminho. Isso passa por corte de custos nos aeroportos, mudança de cálculo do combustível de aviação [QAV], que no Brasil é cerca de 25% mais caro que no resto do mundo. Por que o Brasil tem um dos maiores custos de QAV sendo um dos maiores produtores de petróleo do mundo? As empresas precisam ainda de acesso a capital para reforçar a liquidez.

Valor: Se essas medidas não forem tomadas, essa indústria diminui no país em 2016?

Cerda: Sim. O cenário da indústria do transporte aéreo no Brasil vai piorar como um todo. Não apenas em capacidade, mas também em investimentos, empregos e geração de negócios…

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