Depois de uma explosão de oferta de voos internacionais no Brasil na última década, as companhias aéreas começam a sentir dificuldades para decolar com as aeronaves cheias neste ano. O número de passageiros internacionais está em queda e as empresas começaram a cortar seus voos, numa tentativa de melhorar as taxas de ocupação das aeronaves.
Em meados de maio, companhias brasileiras e estrangeiras ofereciam 1.112 voos semanais para o exterior, 8,4% menos do que no mesmo período do ano anterior, segundo levantamento feito pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a pedido do Grupo Estado. O movimento interrompe um período de forte expansão da oferta de voos internacionais a partir do Brasil. Em 2003, partiam do país 552 voos semanais rumo ao exterior, número que praticamente dobrou em dez anos e fechou o ano passado em 1.109.
"A valorização do dólar e a crise na Europa fizeram o mercado de voos internacionais crescer menos que o previsto. Com o aumento da competição, isso trouxe um certo excesso de oferta em algumas rotas, principalmente na Europa", disse o consultor da Bain&Company, André Castellini.
Entre janeiro e abril deste ano, houve 6,47 milhões de embarques e desembarques de passageiros em viagens internacionais nos aeroportos brasileiros, número ligeiramente inferior aos 6,5 milhões de movimentos reportados no mesmo período de 2012, segundo dados da Infraero e das administradoras privadas. O movimento internacional vem desacelerando desde o ano passado, quando cresceu 3,9%, abaixo dos 13,9% de 2011.
O resultado disso são aeronaves voando mais vazias. As da TAM, por exemplo, decolaram nas rotas internacionais com 75,88% de ocupação entre janeiro a abril deste ano, ante 82,71% no mesmo período do ano passado, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O mesmo ocorreu com a Gol: os aviões voaram para o exterior com 60,43% dos assentos ocupados no primeiro quadrimestre, ante 67% no mesmo período de 2012.