«A malha aérea brasileira, que chegou a cair mais de 90% em abril, no pior mês para o setor, começa a dar sinais de retomada significativa em julho, com previsão de mais de 500 voos diários das principais companhias do país no mercado doméstico. Mesmo assim, o número está longe dos cerca de 2,7 mil pousos e decolagens registrados diariamente antes da pandemia do novo coronavírus.
Azul, Gol e Latam voltaram a destinos que estavam sem serviço até junho e aumentaram a frequência em outras rotas. Só a Gol tem planejados, em média, 250 voos diários em julho, o que representa um acréscimo de 150% na comparação com junho. O aumento na Azul é de 42% em relação ao mês anterior. Já na Latam, o acréscimo ultrapassa 100%, inclusive com a retomada de alguns destinos internacionais, como Cidade do México, Frankfurt, Londres, Madrid e Montevidéu.
Apesar do crescimento no número de voos, a expectativa do setor é atingir o mesmo patamar pré-crise no mercado doméstico somente em 2021. Isso em um cenário bastante otimista. “O setor vai retomar no mercado doméstico um pouco mais rápido, até porque o cenário internacional é mais complexo. A retomada vai ser gradual, mas acreditamos que até o final do ano já teremos a recomposição de cerca de 80% dos voos em relação a dezembro de 2019”, diz o secretário nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann.
A realidade, porém, leva muitas incertezas para o setor. Com a pandemia ainda fora de controle no país, o setor não consegue precisar quando a demanda por voos, especialmente corporativos, voltará a crescer com vigor. “A retomada básica depende da abertura dos mercados domésticos no terceiro trimestre de 2020, com abertura gradual ainda mais lenta dos mercados internacionais. O cenário pessimista é baseado na abertura mais lenta das economias e no relaxamento das restrições de viagem, com bloqueios se estendendo até o terceiro trimestre, possivelmente devido a uma segunda onda do vírus. Isso atrasaria ainda mais a recuperação das viagens aéreas”, comenta o diretor da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) no Brasil, Dany Oliveira.
O pior ano da história da aviação comercial
Segundo a Iata, 2020 será o pior ano da história da aviação comercial, com prejuízos estimados em US$ 84,3 bilhões em todo o mundo, com quedas de receitas na faixa de 50%. Não por acaso, governos de vários países têm injetado recursos em companhias aéreas para que elas não fechem as portas. Empresas tradicionais como Lufthansa, Air France e KLM já tiveram ajuda governamental.
“A pandemia parou a aviação no mundo todo, as companhias aéreas estão operando no mínimo. O maior desafio para as empresas aéreas agora é a liquidez a curto prazo e infelizmente isto pode significar que muitas empresas do setor não conseguirão sobreviver à crise. A maioria das empresas tem de dois a três meses de caixa”, explica Oliveira…