AEROPUERTOS

Bahia tem grande produção de frutas, mas há dificuldades para exportar, avaliam especialistas

A Bahia é uma grande produtora de frutas, grãos e de outros alimentos, mas o envio desses produtos para o mercado externo ainda é um desafio para o agronegócio do estado. Esse foi um consenso a que chegaram players do mercado de exportação durante a primeira edição do Aerotalks de 2021 – série de lives sobre temas ligados à aviação promovida pelo Salvador Bahia Airport -, que aconteceu nesta quarta-feira (14).

Participaram da edição sobre o agronegócio Humberto Miranda, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb); Alexandre Duarte, diretor da Fermac Cargo; Marcelo Vitorino, gerente de carga América do Sul da TAP; e Julio Ribas, diretor-presidente do Salvador Bahia Airport. A mediação do debate foi conduzida pelo jornalista Donaldson Gomes.

Diversidade
As principais cargas alimentícias exportadas através do Salvador Bahia Airport são a manga e o mamão, que juntas representam mais de 90% das frutas enviadas para o exterior. Porém, segundo sinaliza o presidente da Faeb, Humberto Miranda, esse leque pode ser ampliado. A volumosa produção de banana do Oeste baiano ainda não está sendo direcionada ao mercado internacional, assim como o morango e a pera produzida na Chapada Diamantina. Ele defende também agregar valor às exportações, para que a Bahia, por exemplo, deixe de exportar grãos de café para comercializar o produto em cápsulas.

Além da fertilidade do solo, outros fatores favorecem a diversidade e a prosperidade do plantio na Bahia. “Temos sol, luminosidade e clima estável, o que nos dá segurança sanitária que nos deixa livres de uma série de doenças da fruticultura”, destacou Miranda.

Para escoar essa produção, o Salvador Bahia Airport está mais que preparado. O diretor-presidente da estrutura, Julio Ribas, destacou que o Terminal de Cargas conta com câmara frigorífica, equipes trabalhando 24h, scanners para fiscalização da carga, além das equipes da Receita Federal e da Vigilância Sanitária no local. Outra vantagem destacada por ele foi a capacidade do Terminal que é um terço do total do Aeroporto de Manaus, um dos maiores polos cargueiros do país.

Outro destaque é a segurança. O Terminal tem cofre e videomonitoramento 24h, o que facilita o transporte de ativos de valores. Além disso, o Aeroporto conta com uma base do Grupamento Aéreo (Graer) e outra da Companhia de Operações Especiais (COE), ambas da Polícia Militar da Bahia.


Voando alto
Apesar das barreiras sanitárias impostas por muitos países ao Brasil por conta da pandemia, o que dificulta a manutenção de voos internacionais, é grande o interesse das aéreas em voar para a Bahia. O gerente de carga América do Sul da TAP, Marcelo Vitorino, destacou que o Aeroporto de Salvador sozinho responde por 18% do volume de carga transportada pela companhia no Brasil e que a empresa está pronta para voltar a voar para a capital da Bahia assim que os voos de passageiros forem autorizados a pousar em Portugal.

“Em 2019, transportamos 4,4 milhões de kg via Salvador. É muito significativo”, afirma. Porém, ele revela que para a manutenção do equilíbrio financeiro, é necessário ter demanda tanto no voo de ida como no de retorno. “Temos o turismo como um dos indutores”, destacou, lembrando que os passageiros ajudam no custo do frete. Para equilibrar a balança e viabilizar voos exclusivamente cargueiros, ele defende que haja uma coordenação entre agentes importadores e exportadores.

O desenvolvimento do modal aéreo também poderia facilitar a exportação de outros itens. Produtos como a pitaya, figo e a atemoia podem ser enviados ao exterior via Salvador. “A comercialização está perfeita. Entregar o que é vendido é o que o problema”, apontou Alexandre Duarte, diretor da Fermac Cargo, uma das maiores empresas especializadas em exportação do país. Para ele, além da pouca disponibilidade de voos internacionais no país, há como entraves os custos para exportação e até mesmo o hábito dos produtores de enviar os produtos por via terrestre.

Vencendo barreiras
Para destravar as exportações baianas, todos sugerem uma coordenação de ações, políticas públicas, entre outros investimentos. “O mundo tem fome, e o Brasil e a Bahia têm um potencial muito grande de se estabelecer cada vez mais nesse mercado internacional. Nós precisamos sentar na mesma mesa, governo, empresários para facilitar a exportação do produto. Porque senão a gente não acessa o mercado internacional”, declarou o presidente da Faeb.

Neste sentido, o diretor-presidente do Salvador Bahia Airport se colocou à disposição para contribuir para o crescimento das exportações, indo além do fornecimento da infraestrutura. “O aeroporto tem que desenvolver o papel de facilitador. A gente não está aqui só para desenvolver a esturutra aeroportuária, mas para se inserir na comunidade. Podemos aproximar stakeholders do governo do estado, prefeitura, da Faeb, para ajudar a destravar gargalos, além dos incentivos tarifários que já oferecemos”, declarou Julio Ribas.

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