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Rio perde 25% dos voos domésticos e internacionais em seis anos

Adeus, Rio-Nova York. Adeus, Rio-Orlando. A capital fluminense está voando baixo quando o assunto é conexão aérea. A partir de abril, a American Airlines suspende a última linha regular operada entre o Rio e a Big Apple. Hoje, a Delta faz o último voo sazonal na rota. Também a partir de abril, a Latam interrompe operações diretas do Galeão para Orlando e Miami. Com a mudança, o trajeto para a Disney, por exemplo, pode ficar até seis horas mais longo para o carioca. O pouso forçado, explicam especialistas e companhias aéreas, é consequência da crise econômica, que derrubou a demanda e a rentabilidade desses voos. Entre 2012 e 2018, o total de pousos e decolagens no Estado do Rio encolheu 25%, para 192,3 mil, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O tombo é maior nas linhas domésticas, com retração de 27,46% no período. Já o movimento internacional recuou 3,63%. A recessão, a crise fiscal e a violência são apontadas como as causas da retração. Segundo especialistas, a falta de planejamento em buscar competitividade frente a outros estados também fez com que o Rio perdesse voos. Quando se considera um período mais curto, entre 2014 e 2018, o Rio perdeu 15% no total de passageiros, como informou o colunista do GLOBO Ancelmo Gois. O restante do Brasil cresceu, em média, 1%. A análise dos passageiros internacionais destes quatro anos mostra um aumento de 10%no Rio, enquanto o país registrou avanço de 14%.

— Renda per capita baixa e negócios deprimidos fazem a aviação encolher. O crescimento da economia induz o tráfego aéreo. O contrário não existe. Cada 1% de aumento da renda per capita resulta em 2% de avanço no transporte aéreo doméstico — explica Heloísa Pires, pesquisadora da Coppe/UFRJ. — A retomada da oferta não é automática, porque a aviação demanda tempo de planejamento.

Sem Orlando e Nova York
No mês passado, São Paulo anunciou um pacote de incentivo para atrair voos. A principal medida foi a redução do ICMS cobrado sobre querosene de aviação de 25% para 12%. A medida tende a prejudicar ainda mais o Rio. O governo do estado estuda uma forma de adotar ação semelhante. Como o Rio está no regime de recuperação fiscal, precisa comprovar que pode compensar a perda de receita.

Em voos internacionais, o recuo é menor porque já há uma tendência de recuperação de 2016 para cá, com alta de 7,28% na comparação com 2015. O problema está na perda de destinos atendidos, principalmente para os EUA. Nesses seis anos, Charlotte, Chicago e Dallas estão entre as cidades que deixaram de ter voos diretos para o Rio. A partir do mês que vem, Nova York e Orlando vão engrossar a lista.
— O fluxo entre o Rio e cidades dos EUA sofre com um desequilíbrio de passageiros, porque conta apenas com 15% de americanos. Com a Europa, isso não acontece. Os voos têm ocupação equilibrada entre brasileiros e europeus — explica Luiz Rocha, presidente da concessionária RIOgaleão.
O aeroporto tem trabalhado na captação de voos internacionais, principalmente junto a empresas low cost . A chilena Sky já opera entre Santiago e Galeão. A partir do dia 31, a Norwegian dará início à linha Rio-Londres. A Iberia vai tornar o voo Rio-Madri diário a partir de julho, hoje operado cinco vezes por semana.

— As companhias aéreas ajustaram suas malhas de voos. E o corte de um lado afeta o outro. Em média, é preciso haver seis voos domésticos para alimentar um voo internacional — diz Rocha.

O tombo no movimento de voos domésticos é distinto entre os dois principais aeroportos do Rio. No Galeão, a queda em pousos e decolagens chega a 35,4%, contra recuo de 15,5% no Santos Dumont. O terminal, localizado no Centro da cidade, conta com o trunfo de ter 70% de sua movimentação concentrada na ponte aérea Rio-São Paulo.
Houve troca de destinos atendidos entre os dois aeroportos. E uma lista de cidades que passou a não contar mais com voos diretos a partir do Rio, como Juazeiro do Norte (CE), Presidente Prudente (SP) e Santarém (PA). Uma viagem para este último destino, que levaria 3h40m, agora pode se transformar numa maratona aérea de 7h55m com duas conexões. Em alguns casos, até existe voo direto, mas a oferta é reduzida, o que pode obrigar o passageiro a optar por um voo mais longo…

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